benjamin franklin: 300 anos do nascimento de um gênio
Político, pesquisador, jornalista, estadista... Franklin representou adequadamente o espírito empreendedor da nova nação: os EUA

 ano 4  -  n.7  -   jan./jun. 2006 

por Rodolfo A. Vieira

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Reprodução de cédula de cem dólares americanos: homenagem a Ben Franklin

Se você já teve a oportunidade de ter nas mãos uma nota de cem dólares, certamente observou a figura de Benjamin Franklin ilustrando a cédula. Mas você saberia dizer a razão pela qual ele teve a honra de ser representado ali? Afinal, quem foi esse personagem tão ilustre da história estadunidense, que influenciou o mundo inteiro com suas idéias e ações?

Benjamin Franklin nasceu em 17 de janeiro de 1706, em Boston, numa família muito numerosa e humilde; Franklin teve dezessete irmãos, vindos de dois casamentos de seu pai, um fabricante de velas. Talvez pelas rudezas da vida de sua família, freqüentou pouco a escola, dos oito aos dez anos, quando teve de interromper os estudos para trabalhar com o pai. Aos doze anos passou a auxiliar o irmão, que era impressor de um jornal chamado "New England Courant". Esse foi o momento em que Benjamin teve contato com inúmeras fontes literárias, e assim pôde refinar seu espírito crítico e ampliar sua consciência acerca do mundo ao seu redor. Em pouco tempo passou a escrever artigos para o jornal de seu irmão, e por suas opiniões ganhou a admiração de muitos e a insatisfação de alguns poucos. Esses artigos costumavam causar tanta polêmica que o jornal sofria contínuas perseguições daqueles que se sentiam prejudicados por ele. Porém, em 1723, por alguma razão, Benjamin rompeu sua parceria com o irmão, saiu de Boston e foi para a cidade de Filadélfia.

Na Filadélfia, Benjamin logo fez muitas amizades com pessoas influentes, como com o então governador local William Keith, que assumiu o compromisso de apoiar Benjamin a se aprimorar profissionalmente na Inglaterra e de ajudá-lo a criar seu próprio jornal na Filadélfia. Em Londres, não obteve a necessária ajuda de Keith, tendo de se estabelecer pelo próprio esforço. Por sua desenvoltura, começou a trabalhar na Palmer and Watt, uma das casas de impressões mais famosas da cidade. Graças a seus talentos, logo teve o reconhecimento de seu trabalho no meio literário. Permaneceu como tipógrafo em Londres por cerca de dois anos, até que fez amizade com Thomas Denham, um mercador que, identificando os potenciais de Franklin, lhe ofereceu um cargo em uma de suas empresas na Filadélfia. De volta à América, Benjamin cria, junto com mais alguns amigos, um grupo de discussão filosófico chamado "Junto", que mais tarde se tornaria a "Sociedade Filosófica Americana". Durante os três anos seguintes trabalhou nas empresas de Denham até sua morte.

Em 1729, adquiriu um jornal semanal, a Gazeta da Pensilvânia, onde pôde aplicar todo o seu conhecimento profissional para transformar o periódico num jornal de respeito entre os leitores. Logo o empreendimento adquiriu amplitude e era o veículo que Franklin utilizava para disseminar suas idéias e realizar seus projetos. Isso foi tornando seu nome e sua imagem popular para um número cada vez maior de pessoas. A publicação de um livro de provérbios conhecido como o "Almanaque do Pobre Ricardo" (Poor Richard's Almanac, 1732) o tornou conhecido em todo o território americano. Nesse período intensificou seus projetos sociais, sempre tentando promover o esclarecimento da população para a realidade que os cercava.

Foi por isso que, em 1731, inaugurou a Biblioteca Pública da Filadélfia, a primeira da colônias inglesas na América, junto com seus colegas do grupo de discussão filosófico. Em dez anos, o projeto cresceu tanto, e fez tanto pela sociedade local, que Franklin e seu grupo resolveram expandi-lo para outras colônias inglesas. Além disso, realizou outras obras de cunho social e urbanístico, como a criação da Academia da Filadélfia, que mais tarde se tornou a Universidade da Pensilvânia; criação do corpo de bombeiros da cidade; reforma do sistema postal local; pavimentação e iluminação de ruas; construção do primeiro hospital americano, o Hospital da Pensilvânia (1751). Foram realizações como essas que lhe renderam a imagem de Iluminista.

Acumulou grande fortuna num curto período de tempo com seus negócios de impressão. Encontrava-se numa situação tão confortável que, em 1748, vendeu seus investimentos e se aposentou, para se dedicar com mais apreço à política e à ciência.

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Moeda comemorativa do tricentenário de nascimento de Benjamin Franklin

Franklin cientista
Sempre buscando soluções práticas para tornar a vida das pessoas mais agradável, desenvolveu diversos projetos científicos, como o "Fogão Franklin", para aumentar a eficiência dos fornos industriais com menos poluição e consumo de combustível; as lentes bifocais; o pára-raios; fez muitos estudos na área de meteorologia; entre outros trabalhos. Mas, certamente, a sua maior contribuição ao mundo da ciência foram seus estudos relativos à eletricidade. Ele identificou as cargas positivas e negativas e teorizou que os relâmpagos teriam origem elétrica. Teorizou e aparentemente provou, na lendária experiência de 1752, quando teria empinado uma pipa (papagaio) numa noite de tempestade com uma chave amarrada à linha e aguardou até que um relâmpago atingisse a pipa, e a corrente percorrida pela linha carregasse a chave de metal eletricamente. Restam as dúvidas de como Franklin sobreviveu a essa experiência, pois, se ele realmente a fez, então, ela deveria ter sido fatal. Por todas as suas realizações científicas, recebeu muitas condecorações, como o título Honoris Causa da Universidade de St. Andrew e da Universidade de Oxford; a honra de se tornar membro da Sociedade Real de Londres; e a medalha de Copley, em 1753, por contribuições distintas para a ciência experimental.

Político profissional
A partir de 1750, Benjamin começou a ter cada vez mais influência na política, começando por ser eleito membro da Assembléia da Pensilvânia, cargo que exerceu até 1764. Em 1753, tornou-se deputado geral para as colônias e, em 1754, assumiu a liderança da delegação da Pensilvânia para o Congresso Intercolonial, em Albany. Nesse congresso, apresentou um plano de união entre as colônias inglesas, defendendo a independência local. Embora seu projeto não tenha sido bem aceito pelas comunidades, muitos aspectos desse plano nortearam as linhas missionárias da Constituição Americana. Em 1757, foi enviado à Inglaterra como representante da Assembléia da Pensilvânia para defender interesses locais. Num período de cinco anos, estendeu sua influência com pessoas ilustres, como o químico e clérigo Joseph Priestley, o filósofo e historiador David Hume e o filósofo e economista Adam Smith.

Em 1762, retornou à Filadélfia, mas, em 1764, foi enviado novamente à Inglaterra, desta vez como representante das colônias inglesas. Lá permaneceu por 11 anos, desgastando parte de sua popularidade positiva, por defender interesses da coroa britânica e nomear familiares e amigos para cargos de governo. Quando percebeu que a guerra de independência era iminente, retornou à América, em 1775, tornando-se o Diplomata da Revolução e tendo participação direta na confecção da Carta de Independência Americana.

Nos anos que se seguiram Franklin permaneceu em Paris, utilizando sua influência para conseguir o apoio francês ao novo país. Seus preciosos serviços de porta voz da Revolução se estenderam até 1785, quando retornou definitivamente aos Estados Unidos. Voltou com idéias abolicionistas e lutou pela libertação dos escravos até o fim de sua vida, em 1790, aos 84 anos de idade.

Nos Estados Unidos, Benjamin Franklin é considerado um herói nacional. Podemos dizer que viveu uma vida intensa desempenhando com satisfação todas as atividades que se propôs a realizar: jornalista, autor, filantropo, cientista, inventor, político, diplomata e abolicionista. Sem sombra de dúvida, um homem que marcou a história de seu tempo.


Cultura Secular

Revista de divulgação científica e cultural do Secular Educacional.

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Rodolfo Augusto Vieira

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