A pressão pode ser entendida como uma força que é aplicada sobre uma determinada área. Quanto maior a força aplicada, maior será a pressão. Porém, se a área em que a força for aplicada aumentar, a pressão vai diminuir. Um clássico exemplo dessa relação pode ser visto quando alguém deita em uma cama de pregos. Ali, a força peso da pessoa é distribuída sobre uma área expressiva, que é a soma das áreas das pontas de cada prego. Com tantos pregos, diminui a pressão exercida por cada prego sobre a pele da pessoa. Em um gás, a pressão provém do grande número de partículas colidindo com as paredes do recipiente.
O volume ocupado por uma determinada porção de matéria é a região do espaço em que ela está contida. Se uma amostra de gás está dentro de uma garrafa de dois litros, sabemos que o seu volume também será de dois litros. Podemos generalizar e dizer que o volume ocupado por um gás é o mesmo do recipiente que o contém.
Outra propriedade fundamental usada para descrever o comportamento de um gás é a temperatura. Na teoria dos gases ideais, ela se associa ao grau de agitação das partículas. Ou seja, quanto maior a temperatura, maior será o grau de agitação das partículas do gás. O estado gasoso já é aquele no qual as partículas estão mais agitadas, em comparação com os estados sólido e líquido. De fato, para uma pressão constante, o estado gasoso é aquele alcançado às temperaturas mais elevadas.
As primeiras relações entre as grandezas que essas propriedades representam foram feitas pelo filósofo e cientista irlandês Robert Boyle (1627-1691). Por meio de experimentos, ele percebeu que, à temperatura constante, o volume de um gás diminui à medida que pressão exercida sobre ele aumenta. Essa observação ficou conhecida como lei de Boyle.
Algum tempo depois, o cientista francês Jacques Alexandre César Charles (1746-1823) descobriu que, se mantida a pressão constante, o volume de um gás aumentará sempre que sua temperatura aumentar, e que, se a temperatura desse gás diminuir, o volume irá diminuir junto. Essa relação ficou conhecida como lei de Charles.
Contemporâneo de Charles e também francês, o cientista Joseph Louis Gay-Lussac (1778-1850) percebeu uma relação parecida entre temperatura e pressão. Se mantido o volume constante, a pressão de um gás aumenta sempre que a sua temperatura aumentar. Essa é a lei das combinações volumétricas ou lei de Gay-Lussac.
A última contribuição ao estudo dos gases foi feita pelo cientista italiano Amedeo Avogadro (1776-1856) que relacionou pressão, volume e temperatura de um gás à quantidade de partículas contidas nesse mesmo gás. Essa relação ficou conhecida como princípio de Avogadro. Ela nos diz que, a uma determinada temperatura e pressão, uma quantidade definida de partículas ocupará sempre o mesmo volume, independentemente da identidade do gás.
A combinação das três leis com o princípio de Avogadro dá origem ao que hoje conhecemos como lei dos gases ideais. Essa lei mostra como cada uma dessas grandezas varia em relação a outra. Além disso, a lei usa uma constante universal, conhecida como constante universal dos gases, que é a mesma, não importa qual gás esteja sendo estudado. Essa constante é a responsável por fazer a relação entre pressão e volume com o número de partículas e a temperatura.
Entretanto, a lei dos gases ideais não pode ser usada em qualquer estudo de gases. Por quê? Porque a lei só vale irrestritamente para gases ideais. Na realidade, nenhum gás é ideal, ou seja, nenhum gás tem o comportamento tal como descrito pela lei dos gases ideais. Os gases que existem na natureza são conhecidos como gases reais.
Mesmo que não existam gases ideais, o comportamento dos gases reais pode ser previsto e estudado pela lei dos gases ideais. Mas em que situação isso acontece? Os gases reais obedecem bem a lei dos gases ideais quando sua pressão é baixa. Isso explica por que, mesmo não existindo gases ideais, foi possível construir uma equação que relaciona muito bem as variáveis pressão, temperatura e volume. Os experimentos que levaram à descoberta da lei dos gases ideais foram feitos sob baixas pressões.
Entender o comportamento dos gases permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias. Os gases tiveram uma participação muito especial na Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX. A máquina a vapor possibilitou o aumento da produção de manufaturas, além de um grande progresso dos meios de transporte, como o navio a vapor e a locomotiva. E você, consegue pensar em mais alguma utilidade para os gases?
Cultura Secular
Revista de divulgação científica e cultural do grupo de pesquisa “Investigações Transdisciplinares em Educação para a Ciência, Saúde e Ambiente”.
Comissão editorial
Larissa Perdigão
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Glauco Lini Perpétuo
Jornalista responsável
Larissa Perdigão (MTb 37654/SP)
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Brasília, DF, Brasil
ISSN 2446-4759
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