sustentabilidade: não há futuro sem ela
O desenvolvimento sustentável deve ser a meta dos governos, das empresas e das pessoas, para garantir nossa sobrevivência
ano 5 - n.10 - jul./dez. 2007
por Larissa Perdigão
Nasa |
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O nascer da Terra, visto da Lua |
Você já ouviu falar em sustentabilidade? O cidadão mais atento à publicidade já deve ter reparado que muitas empresas têm tentado associar sua imagem à sustentabilidade, mencionando expressões como responsabilidade ambiental, social, econômica e individual. Estas idéias estão e precisam estar cada vez mais presentes nas atividades dos governos, das empresas e das pessoas e, por isso mesmo, vale a pena conhecê-las melhor, para podermos aplicá-las.
A sustentabilidade, associada diretamente ao termo desenvolvimento sustentável, já foi definida como a forma de desenvolvimento que "atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades". Esta definição está presente no Relatório Brundtland, ou O Nosso Futuro Comum, documento da ONU apresentado em 1987.
Os princípios da sustentabilidade são:
1) Prevenção: na grande maioria das vezes, é mais barato, mais simples e mais útil prevenir que algo ruim aconteça, do que remediar. Exemplo: uma indústria que faz a manutenção correta de seus equipamentos evita vazamentos de materiais nocivos ao ambiente.
2) Precaução: mesmo se não se tem certeza científica de que uma medida seja benéfica para a sustentabilidade, deve-se tomar a atitude, como forma de prevenção. Exemplo: o fato de não se ter certeza de que o aumento da temperatura da Terra está ligado ao aumento dos níveis de CO2 na atmosfera não serve de justificativa para que não diminuamos a emissão de CO2.
3) Cooperação: buscar parceiros na luta pela sustentabilidade pode facilitar o caminho, além de, muitas vezes sair mais rápido e mais barato. Exemplo: indústrias devem se associar com institutos de pesquisa na busca de processos menos poluentes.
4) Integridade ecológica: não podemos aumentar as nossas necessidades indefinidamente, sendo a manutenção dos ecossistemas o limite para o aumento do nosso bem-estar. Exemplo: seria muito bom se pudéssemos tomar banhos de duas horas, mas, se todos fizessem isto, a água potável acabaria rapidamente, matando a vida que depende dessa água e comprometendo a água das próximas gerações.
5) Melhoria contínua: processos industriais, governamentais e pessoais sempre podem ser melhorados visando à sustentabilidade; é preciso estar atento e investir tempo e dinheiro nessas melhorias.
6) Eqüidade intra e intergerações: é necessário assegurar a melhoria da qualidade de vida de todos, tanto nas gerações presentes como nas futuras.
7) Integração: não devem estar separadas as políticas de crescimento econômico das políticas de conservação ambiental.
8) Democracia e envolvimento da comunidade: as ações de sustentabilidade são mais eficientes quando têm a participação popular. É papel do governo abrir-se para sugestões, assim como é papel do cidadão contribuir com ações coletivas de sustentabilidade.
9) Contigüidade: as decisões de ações em prol da sustentabilidade devem ser tomadas no nível mais apropriado para essa ação. Exemplo: uma ação que deva ser posta em prática por uma cidade deve ser decidida pela cidade, e não pelo governo central ou em nível internacional.
10) Responsabilização: quem age contra os interesses da sustentabilidade, ou deixa de agir a favor dela, deve responder por sua negligência, assumindo as conseqüências dos atos.
Divulgação/PMC |
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Em Curitiba, o transporte coletivo tem prioridade no trânsito |
As cidades já existentes não foram criadas pensando-se em sua sustentabilidade. Desta forma, devemos tomar ações reestruturadoras nas dimensões política, social, econômica e gerencial. Nos últimos anos, surgiram muitas propostas para melhorar a sustentabilidade dos núcleos urbanos, a partir dos mais diversos órgãos e níveis de governo.
A Agenda 21, documento gerado durante a Conferência de Cúpula da Terra, realizado em 1992 no Rio de Janeiro (Eco-92 ou Rio-92), definiu uma agenda detalhada de procedimentos para tornar sustentáveis as cidades já existentes. Embora nesta lista não haja nenhuma grande novidade, o que faz a Agenda do Rio diferente é que os elementos do plano de ação foram juntados num pacote único, com o apoio de praticamente toda a comunidade internacional.
Faz parte da Agenda 21 o seguinte conjunto de metas:
a) Prover habitação adequada para todos;
b) Melhorar o gerenciamento urbano;
c) Planejar e gerenciar adequadamente o uso do solo urbano, em especial nas áreas mais propensas a desastres;
d) Assegurar a provisão integrada de serviços como fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos e coleta de lixo;
e) Desenvolver sistemas de energia e de transporte urbano sustentáveis;
f) Promover o uso de métodos sustentáveis de construção civil;
g) Buscar a excelência na saúde e no bem-estar da população.
Alcançar as metas definidas na Rio-92 não é difícil. O quadro abaixo mostra alguns dos programas locais que tiveram êxito na melhoria do ambiente urbano e foram apresentados naquela conferência. E, claro, nós podemos fazer a nossa parte. Faça você, também, a sua parte. A sustentabilidade do nosso planeta depende disso.
Ações mundiais que deram resultado
Redução da poluição
♣ O rodízio de veículos Hoy no circula, implantado na Cidade do México em 1989, reduziu em 21% a emissão de poluentes já no primeiro ano.
♣ Em Cubatão, estado de São Paulo, desde 1984 algumas indústrias locais e os governos municipal e estadual uniram-se para reduzir a poluição do ar e se forçaram a seguir controles mais duros.
Uso do solo e planejamento do transporte integrados
♣ Em Curitiba, um sistema sofisticado de ônibus, com corredores exclusivos, foi implantado em cinco eixos principais da cidade. A ocupação mais intensa do solo foi incentivada nas proximidades desses corredores. Com isto, o uso de carros caiu, levando a uma economia de combustível de até 25%.
♣ Em Los Angeles, um programa de redução da poluição do ar foi implantado em 1989. As medidas passavam por incentivos por um número maior de pessoas circulando em cada carro, pelo uso de telefones no lugar de reuniões pessoais e pelo desenvolvimento e compra de veículos menos poluentes.
Conservação de recursos
♣ Certas cidades dos EUA, como Santa Monica, fornecem dispositivos de economia de água e energia gratuitamente ou a preços reduzidos.
Reciclagem
♣ Uma ampla operação de recuperação de recursos na província de Xangai, na China, foi iniciada em 1957. Trinta e cinco anos depois, 30 mil pessoas tinham seus empregos ligados ao programa, recuperando e reciclando produtos.
♣ Em Curitiba, já em 1992, 70% das residências separavam o lixo reciclável, e, na periferia, lixo podia ser trocado por comida e passagens de ônibus.
♣ Alimentos cujas embalagens não são recicláveis ou biodegradáveis têm sua venda proibida em algumas cidades dos EUA, como Minneapolis.
♣ Seattle, nos EUA, opera uma usina de compostagem de lixo orgânico, ou seja, transforma o lixo em adubo. As pessoas que quiserem fazer isto em seus quintais recebem apoio e material da prefeitura.
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Cultura Secular
Revista de divulgação científica e cultural do Secular Educacional.
Comissão editorial
Larissa Perdigão
Rodolfo Augusto Vieira
Jornalista responsável
Larissa Perdigão (MTb/SP 37654)
Imprenta
São Carlos, SP, Brasil
ISSN 2446-4759
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